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...o Servo de Deus o Papa João Paulo II, de venerada memória, dizia, na sua passagem pelo Mato Grosso, que osjovens são os primeiros protagonistas do terceiro milênio [...] são vocês que vão traçar os rumos desta nova etapa da humanidade” (Discurso 16/10/1991). ... (homilia do Papa Bento XVI aos jovens no estádio do Pacaembu, 2007)

domingo, 8 de agosto de 2010

Catequese 1: Deus fez-nos capazes de viver com Ele

Uma pergunta, uma intuição abre um caminho


SÍNTESE DA CATEQUESE:

1. "Pensar no infinito": a abertura ao infinito está inscrita na experiência que o homem faz da vida. A vida e a realidade "abrem" permanentemente o horizonte do homem.
2. A vida é este desejo do infinito (chamamos-lhe "pergunta religiosa"): por isso a Tradição da Igreja fala do homem - de todo o homem - como capax Dei.
3. O desejo do infinito, que constitui o coração do homem, coloca-o a caminho. As religiões e a inevitável tentação da idolatria dizem com claridade que é inevitável buscar uma resposta à pergunta religiosa.
4. O desejo do infinito, quando amadurece, converte-se em súplica ao mesmo infinito para que se manifeste: não somos capazes de satisfazer a nossa sede por nós mesmos, por isso suplicamo-lo
5. Neste caminho de desejo e súplica, o cristão é companheiro de todos os homens.


TEXTO:

1 "Pensar no infinito"

«Nunca encontrastes na vossa vida uma mulher que vos tenha enfeitiçado durante um momento e que depois tenha desaparecido? Estas mulheres são como estrelas que passam rápidas nas noites sossegadas de verão. Já encontrastes, alguma vez, na praia, numa estação, numa loja, num comboio, uma dessas mulheres cuja vista é como uma revelação, como um florescimento repentino e potente que surge desde o fundo da vossa alma (.) E será somente um minuto; essa mulher desaparecerá, cairá na vossa alma como um ténue rasgo de luz e bondade; sentireis uma indefinível angústia quando a virdes afastar-se para sempre (.) Eu senti muitas vezes estas tristezas indefiníveis; era jovem, nos verões, ia frequentemente à capital da província e me sentava na praia. Eu via, então, algumas dessas mulheres misteriosas que, como o mar azul que se alargava à minha vista, me fazia pensar no Infinito»

O género literário de Azorín expressa muito eficazmente uma experiência elementar que todo o homem vive. Há circunstâncias que abrem de par em par o coração. Abrem-no no sentido de que fazem presente o seu verdadeiro horizonte, a sua "capacidade do infinito". Há circunstâncias que nos permitem descobrir quem somos, que rompem todas as imagens reduzidas do nosso ser homens, que nos dizem que nada nos basta. São circunstâncias ou experiências que descrevem a verdadeira natureza e estatura da vida, do nosso ser homens. São circunstâncias que, antes de tudo, não dizem "o que nos falta", mas tornam presente a intuição do eterno para o qual somos feitos. Uma pessoa "pensa no infinito" porque a realidade que tem diante de si se abre de par em par, lhe diz que há algo mais e que deve durar para sempre.

Sem dúvida, amar é uma destas experiências. Todo o homem vive a experiência do amor, na sua família, com os seus amigos, encontrando a mulher com que compartirá a sua vida, na virgindade. No rosto da mulher que começamos a amar - o enamoramento é o início de um caminho! - se concentra o nosso desejo de infinito, a intuição de que estamos feitos para o eterno. E também a tristeza ou a angústia que podemos sentir perante a ideia de perder a pessoa que amamos é sinal desta abertura ao infinito.

É uma abertura que pode ser descrita como desejo e como nostalgia, e que nasce das experiências mais verdadeiras da nossa vida: no amor, mas também na percepção da beleza, na paixão pela própria liberdade, na revolta ante a injustiça, no mistério do sofrimento e da dor, na humilhação do mal que alguém faz, na busca apaixonada da verdade, no gozo do bem.

Na experiência que faz da sua própria vida, o homem percebe a presença do infinito. Esse mesmo infinito que se anuncia no mundo. Na imensidade e na beleza esmagadora da criação: desde as montanhas e oceanos até à cadeia genética do ADN! «O mundo e o homem atestam que não têm neles mesmos nem o seu primeiro princípio nem o seu fim último, mas participam d' Aquele que é o Ser em si, sem origem e sem fim».

2. A vida é este desejo

Todos os homens, independentemente da idade, raça ou cultura, experimentam este desejo/intuição do infinito que coincide com a verdade mais "evidente" da vida. Não podemos negá-lo, somos este desejo, o nosso ser mais autêntico é "pensar no infinito"

Este desejo coincide com a vida. Não é algo que surge no coração na primavera ou quando se encontra particularmente melancólico! É simplesmente "a vida".

Por isto, desejar o infinito é desejar a plenitude da vida: não de uma dimensão da vida mas sim da vida com todas as suas letras. Porque este desejo é o fio conduto que dá unidade a cada instante, a cada situação, a cada circunstância da nossa vida. É a cadeia que permite intuir a unidade que existe entre o amor dos teus pais e o teu desejo de construir, entre a raiva perante a injustiça e a compaixão perante a dor, entre o amar e o ser amado e a chamada a ser fecundo. Sem a unidade que engendra este desejo que atravessa cada célula do teu ser, a vida seria uma simples manta de retalhos de feitos e sucessos, uma acumulação de experiências, de tentativas e erros, incapazes de edificar a tua pessoa.

Na linguagem comum, a esta busca do infinito chama-se "pergunta religiosa". Quando se fala de "religião" fala-se precisamente disto: da busca do infinito por parte de todos os homens.

Todo o homem, pelo mero facto de viver, percebe em si este desejo, esta pergunta religiosa - seja ou não seja capaz de expressá-lo - porque a pergunta religiosa é a pergunta sobre a vida e o seu significado. Por isto, todo o homem, independentemente da resposta que dê a esta pergunta, é "religioso". Não pode deixar de sê-lo, não pode arrancar-se do coração o "pensamento do infinito".

A tradição cristã descreveu esta realidade falando do homem como capax Dei: o homem, criado à imagem e semelhança de Deus, é capaz de Deus, deseja-o e pode encontrá-lo. «A santa Igreja, nossa mãe, mantém e ensina que Deus, princípio e fim de todas as coisas, pode ser conhecido com certeza mediante a luz natural da razão humana a partir das coisas criadas (Vaticano I: DS 3004; cf. 3026; Vaticano II, DV 6). Sem esta capacidade, o homem não poderia acolher a revelação de Deus. O homem tem esta capacidade porque foi criado "à imagem de Deus" (cf. Gn 1,26)»

O salmista expressou-o com grande beleza usando a imagem da sede: "Ó Deus, Tu és o meu Deus! Anseio por ti! A minha alma tem sede de ti; todo o meu ser anseia por ti,
como terra árida, exausta e sem água." (Sl 62)

3. O caminho

Uma pergunta, uma intuição abre um caminho. O homem, que pensa no infinito, põe-se em marcha. A intuição do infinito é o motor da vida, a razão pela qual o homem ama e trabalha.

Começa para o homem a apaixonante aventura de buscar o infinito, de conhecer o seu rosto. Trata-se de uma aventura na qual estamos todos implicados. Não é algo reservado a temperamentos particularmente "religiosos".

É possível reconhecer o caminho do homem na busca do rosto do infinito em dois factos que estão ao alcance de todos.
O primeiro é a constatação da existência das religiões. Hoje, mais do que no passado, somos testemunhas da pluralidade de experiências religiosas que os homens vivem. Quando tudo parecia anunciar uma sociedade sem Deus, movimentos e seitas religiosas, de índole muito variada, invadiram o Ocidente e começam a compartir o cenário social junto às religiões estabelecidas. São expressões concretas, históricas da busca do infinito e, neste sentido, ajudam a razão e a liberdade do homem a não se fecharem no seu horizonte próprio, a não se reduzir ao espaço opressivo do finito. Assim ensina o Concílio Vaticano II: Os homens esperam das diversas religiões resposta para os enigmas da condição humana, os quais, hoje como ontem, profundamente preocupam seus corações: que é o homem? Qual o sentido e finalidade da vida? Que é o pecado? Donde provém o sofrimento, e para que serve? Qual o caminho para alcançar a felicidade verdadeira? Que é a morte, o juízo e a retribuição depois da morte? Finalmente, que mistério último e inefável envolve a nossa existência, do qual vimos e para onde vamos?

Conviver com pessoas de outras religiões é a ocasião para reconhecer a identidade do desejo e das perguntas que constituem o seu coração e também o nosso. O que poderia parecer à primeira vista como uma dificuldade, pois a multiplicidade de respostas pode gerar confusão, também é uma ocasião privilegiada para reconhecer a unidade entre todos os homens. As respostas que se oferecem são muitas, é verdade, mas a pergunta é só uma.

Em segundo lugar, podemos reconhecer a nossa busca do infinito numa experiência que todos fizemos: a identificação do infinito com algo concreto. Pode ser a namorada, a carreira profissional, o êxito económico, a paixão pelo poder. Quantas vezes identificámos o infinito que intuímos com algo particular! Qual foi o resultado? A desilusão. Na nossa busca do infinito chegámos a uma momento no qual nos detivemos e acreditámos poder identificá-lo com algo à nossa medida.

Chama-se "idolatria" e é uma tentação que vive cada homem na primeira pessoa. Em vez de reconhecer que a mulher suscitou em nós o pensamento do infinito, é sinal do infinito, esperamos dela que cumpra com plenitude o desejo que suscitou. Quando o sinal deixa de ser reconhecido como tal e se confunde com a plenitude a que remete, então se converte num ídolo. Mas os ídolos, sabemos por experiência, defraudam-nos.

O salmista identificou com grande precisão a tragédia da idolatria. É a tragédia de uma promessa incumprida. Parece que podem responder e, contudo, são incapazes de todo: «Os ídolos dos pagãos são ouro e prata, obra das mãos dos homens: têm boca, mas não falam; têm olhos, mas não vêem; têm ouvidos, mas não ouvem, e nariz, mas não cheiram; têm mãos, mas não apalpam, e pés, mas não andam, nem da sua garganta emitem qualquer som. Sejam como eles os que os fabricam e todos os que neles confiam.» (Sl 113)

«Obra das mãos dos homens»: com poucas palavras o salmista identifica a raiz da incapacidade dos ídolos para responder ao nosso desejo do infinito. Um ídolo é fruto das minhas mãos; tem, por assim dizer, as minhas mesmas dimensões: é finito. Por isto não poderá nunca responder adequadamente ao desejo que constitui a minha vida.

A multiplicidade de respostas - as religiões - à única questão e a incapacidade dos ídolos, na hora de cumprir o desejo do infinito, põem manifestamente, de maneira todavia mais urgente, a "exigência" de uma resposta definitiva. Um homem que viva seriamente a sua própria vida, que não censure a intuição do infinito que descreve quem é, não se pode dar por vencido.

4. Ao nosso encontro

Se dar-se por vencido é abandonar a aventura da vida, o que fazer? Como pode o homem perseverar no caminho do desejo? Como pode não se deter em respostas insuficientes?

Não é possível pensar que a imagem da nossa vida seja o mito de Sísifo, condenado a começar sempre de novo a tarefa sem encontrar jamais cumprimento nem descanso.

A vida é este desejo e, contudo, todas as nossas tentativas para satisfazê-lo parecem vãs. As nossas tentativas, não a possibilidade do cumprimento.

De facto, o nosso desejo seria vão, seria absurdo, se estivesse destinado a ficar eternamente insatisfeito. Mas isto não quer dizer que sejamos nós a satisfazê-lo. Somos "capazes" de ser satisfeitos, não de nos satisfazermos a nós próprios.
A sede que seca a garganta do homem diz que este é capaz de beber, mão que ele mesmo seja a fonte fresca e cristalina que pode sacia-lo. Assim, o homem é capaz do infinito, capax Dei, porque pode acolhê-lo se este sai ao seu encontro e não porque se possa construir por si mesmo o infinito que anseia.

Quando o homem se reconhece capax Dei, o seu desejo, a sua nostalgia, o seu anseio, são abraçados pela sua liberdade e convertem-se em súplica. E nesta súplica, o homem adquire a sua verdadeira estatura. «Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus» (Mt 5,3)

A pobreza de espírito que bendiz Jesus nas bem-aventuranças, e cuja expressão mais eloquente é a prece, a súplica, constitui a plenitude da experiência humana. É o momento no qual o coração do homem diz ao Infinito que intuiu: "vem, manifesta-te!". Cada fibra do ser do homem espera e deseja, pede e suplica que o infinito saia ao seu encontro. Quer conhecer o seu rosto e pede-lhe: «buscarei o teu rosto, Senhor, não me escondas o teu rosto» (Sl 26)

E Deus não deixou sem resposta a súplica do homem: «Mediante a razão natural, o homem pode conhecer a Deus com certeza a partir das suas obras. Mas existe outra ordem de conhecimento que o homem não pode de nenhum modo alcançar pelas suas próprias forças, a da Revelação divina (cf. Vaticano I: DS 3015). Por uma decisão inteiramente livre, Deus revela-se e dá-se ao homem. Fá-lo revelando o seu mistério, o seu desígnio benevolente que estabeleceu desde a eternidade em Cristo, em favor de todos os homens. Revela plenamente o seu desígnio enviando o seu Filho amado, nosso Senhor Jesus Cristo, e ao Espírito Santo».

As orações dos salmos, os textos da Eucaristia, o tempo do Advento, toda a liturgia da Igreja são uma educação permanente a viver de maneira consciente e cada dia mais disponível esta súplica ao Senhor.

Pela manhã, no início do dia, na oração de laudes, as primeiras palavras que a Igreja nos faz recitar são: «Deus vinde em nosso auxílio. Senhor socorrei-nos e salvai-nos». Deste modo, educa-nos e nos ajuda a compreender que o desejo está chamado a converter-se em súplica.

5. Companheiros de caminho de todos os homens

Nesta súplica todos os homens se percebem companheiros de caminho.

Reconhecer o desejo do infinito que constitui o coração de cada homem permite-nos dar-nos conta da unidade que existe entre nós.

As expressões deste desejo podem ser muito diferentes. Algumas delas podem resultar duras, ofensivas e violentas. E, ainda assim, são expressões da mesma busca que vive no nosso coração.

Quem se reconhece em busca sabe que está próximo de todo o homem: nada nem ninguém lhe é estranho. Para a Igreja não há "distantes: porque todos os homens vivem, perguntam-se e desejam. Todos buscam.

Por isso, o cristão não teme falar da sua busca com todos. Inclusive com aqueles que se riem dele, que o chamam sonhador ou visionário.

Uma simpatia imensa por todo o homem o acompanha quotidianamente. A arte, a literatura, a música, tudo o que expressa o génio do homem é, para quem busca, ocasião de reconhecer de novo o desejo que o constitui.

Se alguém tenta discutir este assunto com os seus colegas de turma, dar-se-á conta que é verdade.

Fonte:http://pt.madrid11.com/JMJ2011PT/REVISTA/articulos/GestionNoticias_362_ESP.asp

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